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O cafezinho e os ritos sociais

O cafezinho brasileiro é tradicionalmente um símbolo de hospitalidade, presente em todas as interações sociais. Chamar alguém para um café para ter uma conversa, oferecer a bebida para uma visita e como network em cafeterias e eventos sociais, é uma forma de convocar para um momento de relaxamento, interação e inspiração, até mesmo para quem não gosta de café.

O aroma do café muitas vezes remete a memórias familiares, já que é muito comum que as famílias brasileiras se reúnam em torno da mesa, para tomar um café enquanto conversam sobre a vida e realinham laços amorosos. Muitas vezes coado e acompanhado por bolos e pães, o café também pode simbolizar autoestima, ao ser preparado por alguém que está sozinho, só pelo simples prazer de sua própria companhia.

O simples café coado ou expresso vem ganhando novos formatos e espaços. Além de bebê-lo na padaria antes de ir para o trabalho, o brasileiro também o consome em cafeterias charmosas, com sabores e métodos de feituras variados, assim como em eventos, festas e casamentos.

O coffee break é o momento de pausa entre reuniões, palestras e seminários, onde as pessoas podem relaxar um pouco da intensidade dos temas abordados, interagir e fazer um breve network. Sempre com o café sendo o centro das atenções, essa pausa pode incluir salgadinhos, pães, pastas e docinhos.

Já em festas como casamentos e quinze anos, a mesa de café é montada mais próxima a saída, após a pista de dança. Depois de usufruir de todas as delícias do evento, o convidado pode descansar um pouco e despertar a mente para ir embora com mais segurança. Em geral, além do café tradicional, há variações de sabores de café, chás, licores, leites, água e petifours, biscoitos amanteigados e outros petiscos mais delicados.

 

O cafezinho em festas

A tradição de tomar um após as refeições acabou chegando a grandes eventos. Durante uma festa de casamento ou aniversário, após o coquetel volante e o jantar, é colocada uma mesa de café para os participantes degustarem a bebida. Como é considerada digestivo e energizante, é ideal para ajudar o convidado a chegar com mais segurança em casa e se sentindo melhor.

Se antes apenas uma mesa com café, açúcar e adoçante já eram o suficiente, hoje há uma grande variedade de produtos a disposição. Desde café descafeinado, com leites vegetais ou sem lactose, com sabores e misturas específicas como o cappuccino, até mesmo drinks com ou sem álcool e comidinhas que o acompanham como biscoitos amanteigados, bolos e pães.

Como é raro alguém que não goste de consumir um cafezinho, a mesa é sempre uma atração especial. Além dos sabores e do impacto que ela causa, também ajuda no entrosamento dos presentes. A conversa  mais informal, o contato final, a troca de telefones e as despedidas mais carinhosas são comumente trocadas diante da mesa de café.

Como surgiu o consumo do café

Originário das terras altas da Etiópia, o café começou a ser transportado pelos mouros para o Egito e, depois, para a Europa. O nome vem de qahwa, que significa “vinho”, pela importância que a bebida passou a ter no mundo árabe, tal como o vinho para as demais civilizações. Segundo a lenda sobre a origem do café, um pastor passou a observar com as suas cabras ficavam mais espertas ao comer as folhas e frutas do cafeeiro. Ele experimentou e também sentiu uma modificação em seu estado de humor e vivacidade, até que um monge começou a fazer infusões dos frutos, para se manter acordado enquanto fazia suas orações.

Outras lendas indicam que povos africanos da Antiguidade já moíam grãos e os serviam aos animais e guerreiros, que ficavam mais atentos durante as batalhas. A Arábia foi a primeira a estender o cultivo do café para consumo, que resistiu aos que diziam que a bebida feria os preceitos muçulmanos, tornando-a popular para melhorar a digestão e alegrar o espírito.

Os efeitos estimulantes do café criou a necessidade de socialização para apreciar a bebida. A primeira cafeteria surgiu em 1475, em Constantinopla (hoje Turquia) e em 1570 também conquistou espaço na Europa, inicialmente em Veneza, na Itália e em 1652, na Inglaterra. Na França, no reinado de Luis XIV, foi a primeira vez que o açúcar foi adicionado.

As cafeterias europeias consolidaram o consumo do café, criando casas mundialmente conhecidas como a Café Nicola, em Lisboa. Criou-se o hábito de consumir o café para reunir pessoas, como um rito social. Inclusive, filósofos bebiam café para se manterem acordados e atentos nas discussões, enquanto os intelectuais o usavam para o mesmo intuito, enquanto debatiam os rumos políticos do mundo e recitavam poesias. Não tardou para que países como Itália, Alemanha, Portugal e Inglaterra, trocassem suas tabernas por cafeterias.

Livros importantes da literatura inglesa foram escritos em cafeteria e até a bolsa de valores LLoyds de Londres, teve a origem de suas operações numa delas.

No Brasil, em 1727 foram trazidas as primeiras mudas de café e a partir de 1800, já na região Sudeste, o café se tornou a mais importante fonte de receita econômica para o país. A riqueza trazida pelo café trouxe modernidade para cidades, como construção de ferrovias e estradas.

A elite brasileira era a principal consumidora do café, mas as cafeterias copiadas da Europa atraiam jovens estudantes para encontros literários e políticos. A Confeitaria Colombo, fundada em 1894, permanece viva e ativa no Centro do Rio de janeiro, com sua infraestrutura clássica e que formam filas na porta de pessoas que desejam conhecer seu interior e saborear seu café com quitutes.

Só a partir 1944 o café passou a ter um valor mais acessível a população, com a venda regulada por consórcios de produtores. Hoje, todos os lares brasileiros tem acesso aos cafezinho, que permanece integrando pessoas para uma conversa.

 

 

 

 

 

 

 

 

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