A cena chama atenção de quem estiver por perto: se uma pessoa ajoelha diante da outra e abre uma caixinha de joias, todo mundo em volta percebe que alguém está sendo pedido em casamento. Esta é a força dos códigos celebrativos: comunicar algo com um simples gesto. E um dos mais conhecidos símbolos do compromisso amoroso é, sem dúvida, o anel de noivado. Mas, embora pareça muito natural, a tradição de ficar de joelhos para oferecer um anel à pessoa amada é mais recente do que imaginamos. É bem verdade que o primeiro anel de noivado, acompanhando o pedido de casamento de um rei para sua amada, já é bem antigo e data do século XVII. No entanto, o costume só se popularizou no final do século XIX, com incentivo do marketing de joalherias, e ganhou o mundo todo com uma ajudinha bem poderosa: os filmes de Hollywood. Vamos conhecer melhor esta história?
As primeiras alianças de casamento
A palavra aliança deriva do termo “alligare”, que, em latim, significa “ligar-se” ou aquilo que está conectado em todos os pontos e se completa em si mesmo, como um círculo. Pelo seu formato, representa ideia de eternidade, uma ligação que não tem fim. Naquela época, as alianças eram feitas com diversos materiais, até mesmo de couro e madeira.
A ideia de utilizar um anel como símbolo do compromisso de casamento surge há cerca de 4 mil anos, ainda na antiguidade greco-romana. Bem menos românticos do que os aneis de hoje, as alianças de casamento eram usadas apenas pelas mulheres porque tinham uma função quase mercantilista: comunicar publicamente que a moça com um anel no dedo já estaria comprometida em um acordo feito entre famílias.
Na antiga Índia, hindus também usavam a aliança como forma de “certificado” de que a moça já havia sido “negociada” ou já estava casada. Os egípcios tinham o costume de colocar uma moeda com o nome ou símbolos da família do noivo no topo, demonstrando que a noiva “já tinha um dono”.
O anel na mão esquerda
O costume da aliança de casamento na mão esquerda baseia-se na crença dos romanos, que acreditavam que no dedo anelar da mão esquerda passava a vena amoris, uma veia que ia direto ao coração.
A igreja eleva o noivado a um patamar religioso
Foi somente depois que o Para Inocêncio III, Lorátio Conti (1161 – 1216), declarou que deveria existir um intervalo entre o pedido de casamento e a realização do matrimônio, que presentear a noiva com uma joia, não necessariamente um anel, começou a ser uma tradição para marcar o pedido de casamento.
O ouro se estabelece como o metal das alianças das famílias nobres
As alianças de casamento de ouro tornaram-se especialmente proeminentes a partir dos séculos III e IV dC. Durante este período, os anéis tornaram-se mais elaborados e suntuosos, uma indicação da riqueza do “proprietário” da noiva, bem como da habilidade do artesão. O tipo mais comum de anel associado aos casamentos romanos era o anel ‘fede’, que tinha um desenho que mostrava um par de mãos entrelaçadas ou um casal entrelaçado.
Com a ascensão do romantismo medieval, surgem os aneis Posy, feitos ouro com uma pequena inscrição gravada. A linguagem usada em muitos dos primeiros anéis posy era o francês normando, com francês, latim e inglês usados em épocas posteriores. As citações eram frequentemente de histórias de amor e geralmente inscritas na superfície interna do anel.
O diamante no anel de noivado
Os diamantes que hoje são quase sinônimo de noivado, especialmente entre os americanos, foi pioneiramente usado pelo arquiduque Maximilliam da Áustria. Ele foi o primeiro homem a presentear sua noiva, Mary de Burgundy, com um anel de diamante para marcar o pedido de casamento. Este anel foi enviado por carta, junto a formalização de sua proposta de união.
No entanto, a pedra não se tornou popular entre as pessoas comuns até a década de 30, quando a joalheria De Beers investiu em marketing pesado, elevando o diamante ao status de desejo absoluto. Mais tarde, a Tiffany & Co revolucionou com o famoso solitário com seis garras.
Embora seja uma tradição recente no Brasil, a popularidade do anel de noivado vem crescendo cada vez mais.