Colher de Chá

Dia internacional da mulher: a força feminina e a liberdade de ser o que quiser

Até o final do século passado, o casamento era o pilar para uma mulher, que tinha como papel social o de casar e gerar filhos. A elas sempre foi atribuído o dever social do cuidado, recebendo o ônus do trabalho não remunerado e invisível. Mesmo que ainda seja inspirado em valores históricos transmitidos de geração para geração, que reafirmam que “o valor da mulher é confirmado ao receber o amor de um homem, que a toma como esposa”, a felicidade feminina não está mais tão atrelada a esse conceito.

Hoje as mulheres ainda querem casar, mas a maioria não atribui o casamento como principal objetivo de vida e nem como base para sua felicidade. Isso é comprovado em recente pesquisa do Instituto Locomotiva, em parceria com o QuestionPro, que mostra que atualmente os homens demonstram mais desejo de casar que as mulheres.

Novos tempos refletem o papel da mulher na sociedade e o seu foco na própria felicidade, através da realização de seus objetivos, como se realizar profissionalmente e até fazer viagens internacionais. Ainda sem se desvincilhar da culpa e dos conceitos pré-formados, o casamento se distancia de ser uma obrigação social hoje e se torna uma consequência de um relacionamento estável e amoroso, onde os pares desejam seguir suas vidas em comum, construir uma família e sonhos.

A mulher antes do século XXI

Até a década de 1970/1980, a mulher era obrigada a se casar para não se sentir uma pária social, uma rejeitada e “solteirona”. Na época, o conservadorismo dizia que mulheres eram feitas e criadas para terem um bom casamento, com um homem que pudesse sustentá-la, enquanto ela mantinha a casa em dia e cuidava dos filhos. Raras eram as mulheres que tinham profissões e muitas delas amargavam casamentos falidos em prol da moral institucional.

A criação da pílula anticoncepcional é um marco para a liberdade sexual das mulheres, que assim passaram a controlar melhor seu ciclo menstrual e ter relações sexuais sem correr o risco de uma gravidez em momento (e com a pessoa) indesejada. Os costumes começaram a ser revistos e a mulher começou a ganhar as ruas, em luta pela sua liberdade de ação e pensamento.

A luta por direitos igualitários não é recente. A data de 08 de março, criada em 1917 é considerada Dia Internacional da Mulher para celebrar a luta pelos direitos das mulheres. A data já era debatida e nasceu após uma conferência na Dinamarca, em 1910. Mas foi consolidada por um histórico incêndio na fábrica Tringle Shirtwaist Company, em Nova Iorque, em 1911. Dois anos antes, a fábrica recusou as reinvidicações e a greve das mulheres, por melhorias no trabalho, salário e segurança.

Como a maior parte de seus funcionários eram mulheres, a fábrica continuou com a jornada de trabalho de cerca  de 14 horas por dia e mais de 60 horas semanais, com remuneração de 6 a 10 dólares. Além disso, elas também buscavam maior segurança no trabalho, que acabou numa tragédia: um incêndio matou 129 mulheres e 23 homens, além de dezenas de feridos.

Essas e outras lutas marcaram a data, expondo as jornadas que uma mulher cumpre diariamente, ao trabalhar e ainda cuidar da casa, dos filhos e do marido. Mesmo com todas as lutas, há ainda uma política que remunera menos as mulheres com o mesmo cargo que homens. Sem contar com a violência patriarcal, onde homens ainda acreditam ter o controle sobre a vida das mulheres e engrossam o feminicídio, tipo de crime onde a mulher é assassinada pelo seu gênero.

Ainda assim, vemos promissores reflexos positivos. No século XVI, as tarefas domésticas estão sendo dividas entre as partes, onde ao homem cabem todos os trabalhos antes designados as mulheres, com o principio de parceria e compartilhamento de funções num lar. E já é visto mulheres em todos os tipos de cargos e hierarquias, mesmo que ainda bem abaixo de sua maioria quantitativa.

 

O casamento romântico está de volta

Na década de 1990, a então Princesa Lady Diana, da Inglaterra, se divorciou do Príncipe Charles. Uma verdadeira revolução, já que mostrou que mesmo casamentos nobres podem se romper, trazendo de volta o interesse no casamento romântico e, dessa vez, livre do “para sempre” obrigatório.

A luta por conquistar seu devido espaço social e dividir funções antes delegadas só as mulheres, fez com que os casamentos caíssem substancialmente até o início dos anos 2000. O ritual do casamento deu vez a união estável, onde os casais se juntavam sem celebrações ou documentos, formando suas famílias ao longo da relação.

Mas foi exatamente no século XVI que o casamento voltou a ser procurado e festejado. Logo, se transformou num evento de grandes dimensões, em muitos casos, e objeto de desejo tanto das mulheres quanto dos homens.

O casamento que antes era uma obrigação social e já foi até um arranjo hereditário e financeiro, voltou a ter como foco o amor. Casais heteros e homossexuais passaram a procurar profissionais para terem casamentos belíssimos, com alta produção e carregado de emoção, para celebrar o sentimento entre os parceiros e fazer juras de amor eterno.

As mulheres, que foram obrigadas pelo patriarcado a serem românticas e servis, hoje permitem extravasar seus desejos românticos, sem serem presas em obrigações morais. Apenas o sonho e o desejo de viver uma bela história de amor com seu parceiro, celebrando com amigos e familiares o seu amor. De preferência, em lugares lindos e mágicos para perpetuar os sentimentos e laços criados.

Que o dia da mulher seja de reflexão sobre a luta contínua por espaço e respeito. E que a mulher possa ser, cada vez mais, o que ela quiser ser. A luta é sempre pela liberdade de escolha, tal como é atribuída ao homem.

Parabéns a todas as mulheres maravilhosas!

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